Atualmente
ocorre no Brasil um intenso debate sobre a redução da maioridade
penal. As pesquisas de opinião mostram que a maioria da população
é favorável diminuição da idade penal de 18 para 16 anos. Existe
um sentimento hipotético em uma parcela do público que a medida
será importante para a redução da violência urbana. Imagina-se
que a mudança irá diminuir a quantidade de menores que cometem
crimes.
Capa do Jornal Metropolitano (Edição de 29/05 a 04/06/2015) |
Assim
como a população é favorável a redução da idade penal, a ideia
de construir novas cadeias também é recebida com louvor pelo
público. Entretanto, o cidadão é favorável a instalação de
presídios desde que bem longe do seu bairro ou cidade. Existe um
temor nos munícipes que a chegada dos presos provocará uma escalada
de violência na região. Aderentes ao sentimento popular, os
vereadores e prefeitos dos municípios passaram a criar obstáculos
para que seus espaços políticos não sejam utilizados para abrigar
detentos.
Rosano Taveira (PRB) Foto: Erivan Fernandes / tribunadonorte.com.br 11/06/2015 |
Várias
cidades brasileiras passaram a criar leis que impedem a construção
de cadeias nos seus territórios. Mais recentemente o vereador de
Parnamirim, Rosano Taveira (PRB), apresentou um projeto que proíbe a
construção de presídios, colônias penais agrícolas e centros de
detenção provisória dentro da área da cidade. A matéria foi
aprovada na câmara municipal e teve uma boa divulgação de veículos
de comunicação do Rio Grande do Norte como Tribuna do Norte, G1 RN,
Jornal de Fato, Potiguar Notícias, Jornal Metropolitano e O Jornalde Hoje.
Em
contraponto, não foi observado a ineficácia do projeto do vereador.
Existem muitas decisões no judiciário brasileiro favoráveis a
inconstitucionalidades de leis municipais similares. Em síntese, o
entendimento jurídico é que os municípios não possuem
competências para legislar sobre assuntos relacionados a segurança
pública e direito penitenciário. Na prática, a decisão da Câmara
Municipal de Parnamirim não tem nenhuma utilidade e serviu apenas
para Rosano Taveira ganhar alguns holofotes.
Apesar da
flagrante ilegalidade da lei, a imprensa divulgou a notícia sem
nenhuma visão crítica do fato. Os meios de comunicação não
tiveram o cuidado de pesquisar sobre outras cidades que aprovaram
dispositivos semelhantes. Os jornalistas também não abordaram sobre
a legalidade do assunto. Prevaleceu uma espécie de preguiça
editorial que omitiu o ato incompetente de Rosano Taveira e o
despreparo dos vereadores responsáveis pela aprovação do projeto.
Só resta
o prefeito vetar.