sábado, 18 de dezembro de 2021

A trajetória do jornalista Roberto Machado

 


A imprensa do potiguar perdeu mais um dos seus grandes nomes da história. Faleceu no último dia 17 de dezembro o jornalista Roberto Machado.

Severino dos Ramos Bartolomeu Machado começou na Rádio Poti em 1958. O nome Roberto apareceu de forma ocasional. Na publicação "Nós, do RN" de 2005, o jornalista contou que logo no princípio da carreira estava apresentando o programa Gazeta Ilustrada com uma caneta na mão que pertencia ao seu irmão Roberto. No início da atração, o apresentador foi citar os participantes e leu o nome de outro componente da bancada através da identificação da sua caneta. Assim surgiu Roberto Machado.

Em abril de 1959, contou sua trajetória em O Poti. Sob o título "Minha vida contada por mim mesmo", Machado relatou que nasceu em João Pessoa em 06 de dezembro de 1939 e que muito cedo se mudou para Pernambuco. Na matéria, contou que admirava o rádio desde cedo. Seu primeiro contato com o microfone foi no município pernambucano de Aliança quando colaborou na instalação de uma amplificadora na cidade. Posteriormente, quando se transferiu para Natal, conheceu algumas pessoas da Rádio Poti. Em certa oportunidade, foi convidado a participar de um teste, até que em 13 de abril de 1958 fez sua estreia como noticiarista.

Os primeiros anos da Rádio Poti foram bastante intensos. Diante da sua desenvoltura, foi ganhando cada vez mais espaço na emissora, chegando a ocupar diversas funções. Em uma época que depois ficou conhecida como a "Era de Ouro do Rádio", Roberto Machado participou dos programas como Discoteca, "Marmelândia - O País das Maravilhas", "Recordação... Saudade" e dirigiu o "Gazeta Sonora". No âmbito esportivo, já era repórter de campo e participava do "Instantâneos Esportivos". Além de tudo, atuava nas coberturas eleitorais e carnavalescas.

Na mesma época, o radialista ganhou o apelido de "o animador dos brotos potiguares" e comandou um programa de auditório chamado Domingo Alegre. Para completar, Roberto também foi ator no departamento de rádio teatro e, ao lado da estrela Glorinha Oliveira, participou de rádio novelas como "Algemas de Sangue", "Casa do Rochedo" e "Amargo Silêncio".

A partir dos anos 60, se consolidou como dos maiores narradores de futebol da região, trabalhou pelos principais prefixos de Natal e atuou em rádios de Mossoró e Fortaleza. Em 1972, foi eleito presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Rio Grande do Norte (ACERN). Ainda no esporte, Machado foi diretor técnico da Federação Norte-riograndense de Futebol (FNF) onde chegou a ser candidato a presidente da entidade.

Em 1983, decidiu pendurar o microfone para trabalhar na mídia impressa. Atuou na Tribuna do Norte e, por muitos anos, no Diário de Natal que foi o seu último veículo de comunicação.

"Na dança dos ponteiros, o tempo não espera por ninguém".

Roberto Machado

Colaboração: Franklin Machado Filho, Marco Aurélio, Dionísio Outeda e Ribamar Cavalcante

Imagens: O Poti e Diário de Natal







Posse na presidência da ACERN

  


Na redação do Diário de Natal



sexta-feira, 27 de agosto de 2021

A juíza Adriana Magalhães e a disputa entre Beto Rosado e Mineiro



O imbróglio jurídico e político envolvendo Beto Rosado e Fernando Mineiro ganhou mais um capítulo no TSE. No episódio da vez, o Ministério Público Federal emitiu parecer que favorece o secretário de Relações Institucionais do governo Fátima. O MPF entende que Beto deve ceder a cadeira de deputado federal para Mineiro. 


Atualmente, Beto Rosado se mantém no mandato graças a uma decisão liminar do ministro Luiz Felipe Salomão. No âmbito do TRE, após longa batalha jurídica, Fernando Mineiro chegou a ser diplomado e ficou apto a exercer o mandato outorgado por 98 mil eleitores. Contudo, o embate no tribunal local teve um elemento que não foi apreciado e, assim, não ganhou muita repercussão. 


O dia 22 de janeiro de 2020 ficou marcado no meio político potiguar pelo já tardio julgamento do registro de candidatura de Kericlis Alves Ribeiro, ou simplesmente Kerinho, candidato a deputado federal na eleição de 2018. A deliberação do TRE ocorreu de forma remota com transmissão na conta do Youtube do Tribunal.


Ao final da reunião, Kerinho teve seu registro indeferido. A decisão deveria gerar uma reconfiguração da bancada do Rio Grande do Norte na Câmara dos Deputados. Por conseguinte, a cadeira de Beto Rosado (PP) passaria a ser ocupada por Fernando Mineiro (PT). 


Antes do julgamento, o juiz Geraldo Mota declarou suspeição e não se envolveu na causa. Na oportunidade, algumas pessoas levantaram a possibilidade de Adriana Magalhães também se declarar suspeita ou impedida e, assim, não integrar a composição da corte no processo em pauta. Entretanto, a juíza eleitoral participou normalmente da sessão.

 

A hipótese de suspeição ou impedimento de Adriana Magalhães no caso Kerinho está relacionada ao seu cônjuge que é filiado ao PSDB e filho do ex-deputado João Faustino, um dos fundadores do partido no RN. Muito além de uma simples filiação, o advogado Edson Faustino, detém grande prestígio junto a lideranças e figuras históricas do partido. Mesmo não ocupando cargos formais dentro da legenda, não se trata de um membro comum.

O tucano Edson Faustino exibe a
nomeação de Adriana Magalhães
Foto: thaisagalvao.com.br (14/5/2019)

Em rápidas consultas na internet, é possível localizar a relação do marido de Adriana Magalhães com antigas e atuais lideranças do PSDB. Ao ponto que, durante todo o governo de Michel Temer, Edson Faustino ocupou um cargo de destaque no Ministério das Relações Exteriores. Na ocasião, o Itamaraty foi controlado pelos ministros tucanos José Serra e Aloysio Nunes.


Candidato a vice-presidente na chapa de Aécio Neves em 2014, Aloysio Nunes chegou a passar o carnaval na casa da família Faustino na praia de Cotovelo, conforme noticiou a jornalista Thaísa Galvão em fevereiro de 2016. A presença do então senador no litoral potiguar, sempre acompanhado por Edson Faustino, foi cercado de temas políticos como filiações partidárias, candidaturas próprias e as estratégias do PSDB no ano em que aconteceu o impeachment de Dilma Rousseff.


No contexto da suspeição ou impedimento, os movimentos políticos realizados podem ser atenuados ou justificados por terem ocorridos antes da posse de Adriana Magalhães no TRE. A juíza compõe a corte eleitoral desde junho de 2019 quando, após lista tríplice, a foi nomeada por Jair Bolsonaro para um mandato de dois anos. Porém, de acordo com documento emitido pelo TSE, Edson Faustino ainda tem filiação partidária ativa no PSDB.


No cenário atual, o PSDB de Álvaro Dias e Ezequiel Ferreira surge como possível adversário de Fátima Bezerra no pleito de 2022. Apesar da governadora ser a principal força do PT no estado, Fernando Mineiro é um nome importante para o partido, seja no aspecto político ou eleitoral. Sendo assim, o resultado do julgamento no TRE tem grande peso na disputa de espaço entre petistas e tucanos. 


A possibilidade de suspeição ou impedimento também gira em torno da eleição municipal de Mossoró de 2020 já que, a base política de Beto Rosado está na Capital do Oeste e o seu partido, o PP de Rosalba Ciarline, formou coligação na chapa majoritária de 2020 com o PSDB de Edson Faustino. 


Outra relação com o caso está na atuação profissional da juíza eleitoral. Fora da corte, Adriana Magalhães é advogada e atua em sociedade individual com Direito Público e Direito Eleitoral no escritório Mendes Cunha Advogados em Natal. Segundo o site do próprio empreendimento, o escritório foi fundado em 1991 pela sócia Tatiana Mendes Cunha, ex-secretária-chefe do Gabinete Civil de Robinson Faria.  

Equipe do escritório de Tatiana Mendes Cunha
Imagem: mendescunha.com.br (24/8/2021)

Além de comandar uma pasta estratégica, Mendes Cunha era considerada o nome de confiança do chefe do executivo estadual anterior, seja no aspecto administrativo ou político. A antiga auxiliar ainda participou ativamente da frustrada campanha de reeleição do ex-governador em 2018. Atualmente, a ex-secretária ocupa um relevante cargo comissionado na estrutura administrativa da Assembleia Legislativa que é presidida por Ezequiel Ferreira que também é presidente do diretório estadual do PSDB.


Na conjuntura do caso Kerinho no TRE, se observa mais um elo que reforça a possibilidade de suspeição ou impedimento de Adriana Magalhães no caso, já que a julgadora exerce atividade profissional na empresa de Tatiana Mendes Cunha que é subordinada ao líder dos tucanos no estado. 


Chegado o dia da sessão, Adriana Magalhães foi voto vencido pelo deferimento do registro de candidatura de Kerinho, o que manteria o cargo de Beto Rosado. 


Após o caso Mineiro, o TRE decidiu ainda inelegibilidade do ex-governador Robinson Faria. A decisão não contou com o voto de Adriana Magalhães. Recentemente, a advogada que atua no escritório Mendes Cunha, foi novamente conduzida pelo presidente Jair Bolsonaro ao cargo de juíza eleitoral.

segunda-feira, 12 de julho de 2021

O churrasco de banana de Fábio Faria

 

Imagem: twitter.com (11/07/2021)

O atual ministro Fábio Faria sempre foi muito atuante no Twitter. Desde 2009, quando a rede social foi criada, o deputado licenciado já usou a rede social para demostrar apoio ao presidente da ocasião. Ao longo dos anos, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro já foram contemplados com afagos do potiguar.

 

Durante sua carreira política, o filho de Robinson Faria se destacou fora do Rio Grande do Norte por vestir ternos de alta costura e utilizar a cota de passagens aéreas da Câmara dos Deputados para custear viagens de artistas e personalidades. Em 2011, a revista Poder da jornalista Joyce Pascowitch o classificou como o “Playboy do Planalto”.

 

Ocupando o cargo na esplanada, Fábio Faria costuma utilizar o Twitter para mostrar sua atuação à frente do Ministério das Comunicações, apresenta realizações do Governo Federal em outras áreas e, principalmente, tenta agradar de qualquer maneira o presidente.

 

Para cativar o chefe, o ministro já defendeu o “tratamento precoce”, minimizou a falta de vacinas e até reclamou de quem lamenta as mortes geradas pela Covid 19. Em muitas vezes, na ânsia de se alinhar ao discurso bolsonarista, Fábio Faria cometeu algumas gafes como afirmar que a Amazônia é composta de 87% de Mata Atlântica.

 

Nas redes sociais, a coleção de falas absurdas gerou a brincadeira de que o deputado era um forte candidato para se tornar o “novo Weintraub”. Uma referência ao ex-ministro Abraham Weintraub que, além da incompetência para exercer a função, se notabilizou por colecionar declarações desastrosas com o intuito de afagar o presidente.

 

Dentro do Rio Grande do Norte, Fábio Faria conta com o apoio irrestrito da mídia corporativa local que o blinda de qualquer questionamento, até mesmo quando o ministro assume o frágil falatório bolsonarista de imunidade a corrupção. É importante lembrar que a sua mãe é acusada pelo Ministério Público de ter sido funcionária fantasma na prefeitura de Parnamirim. Já Robinson Faria está envolvido com a Operação Damas de Espadas.

 

A busca intensa pelo alinhamento pleno a Jair Bolsonaro vem gerando no ministro das comunicações um total descolamento da realidade. Falas absurdas e contradições no discurso geram uma total ausência de sintonia com as demandas populares. Para exemplificar, basta recorrer ao Twitter novamente.

 

No momento em que a inflação dispara e corrói o poder de compra dos brasileiros, o deputado afastado festeja um falso crescimento da economia que favorece apenas exportadores e especuladores. Enquanto o brasileiro sofre com a disparada do preço da carne vermelha, Fábio Faria publica um vídeo se divertindo com um churrasco de banana.

 

 

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Conheça Bruno Melo, presidente no RN do provável partido de Bolsonaro

Bruno Melo e Rogério Marinho
Imagem: apodiario.com.br (14/06/2021)


A imprensa nacional vem especulando sobre qual partido Jair Bolsonaro irá se filar para disputar as eleições de 2022. Já foram especulados o PTB de Roberto Jefferson, o Progressistas (antigo PP) ou até o retorno ao PSL, sua última legenda. Entretanto, os movimentos políticos mais recentes indicam que o Patriota poderá ser o possível partido do presidente da república.


No Rio Grande do Norte, o Patriota é comandado desde fevereiro de 2021 por Hanne Bruno Figueiredo de Melo. Nos últimos dias, o líder partidário deu declarações à Tribuna do Norte sobre a estrutura da agremiação no estado e a expectativa de filiação do presidente Bolsonaro.


A Tribuna falou do Patriota no RN e limitou apenas a descrever o representante da sigla como vice-presidente da União dos Vereadores do Rio Grande do Norte (UVERN) e ex-vereador do município de Severiano Melo, cidade situada a 360 km de Natal e 110 Km de Mossoró. Terminada a reportagem, restou a seguinte indagação: Quem é Bruno Melo?


O presidente da comissão provisória do Patriota no estado está politicamente vinculado ao ex-deputado federal Rogério Marinho. De acordo com colunistas políticos, Bruno Melo foi designado pelo atual ministro do governo Bolsonaro para organizar o partido com vistas às eleições de 2022.


A trajetória política de Bruno Melo teve início em 2004 quando disputou a eleição e foi eleito vereador de Severiano Melo pelo PPS. Nos pleitos municipais seguintes, nos anos 2008, 2012 e 2016, foi reeleito defendendo as cores do PSDB. Para 2020, o então tucano declarou a aliados que, por estratégia política, não seria candidato à reeleição. Publicamente, nada pronunciou sobre hipotéticos impedimentos legais para a busca do seu quinto mandato.


Contudo, durante os mandatos de vereador, chegou a ocupar o cargo de presidente da câmara municipal. Sua passagem como chefe do poder legislativo em 2012 o rendeu uma condenação no Tribunal de Contas do Estado. Segundo a corte, em processo iniciado em 2013, houve fracionamento irregular de despesa com vistas a burlar a regra de licitação.


O processo foi transitado em julgado somente em 2018. Como consequência, o nome de Bruno Melo passou a integrar a lista de gestores públicos com contas reprovadas. Na prática, o atual líder do possível partido de Jair Bolsonaro se tornou um alvo de pedidos de impugnação de candidaturas, caso fosse novamente candidato à reeleição em 2020. 


A partir de 2021, apesar de ser um ex-parlamentar, Bruno Melo permaneceu na direção da uma entidade representativa de vereadores. 


A UVERN é mantida através de repasses de câmaras municiais filiadas. Portanto, chama a atenção que uma instituição que recebe dinheiro público tenha como dirigente alguém condenado pelo Tribunal de Contas e potencialmente alvo de impugnações da justiça eleitoral. A mesma preocupação vale para o cargo de presidente do Patriota, já que o partido irá receber recursos do fundo partidário. 


Durante as quatro eleições que disputou, Bruno Melo declarou à justiça eleitoral possuir bens apenas em duas oportunidades. Em 2008 afirmou ter um veículo do modelo Gol fabricado em 1999. Já em 2016, informou ao TSE ter o montante de R$ 2.300,00 depositado em conta corrente. 


Ainda sobre questões financeiras, o aliado de Rogério Marinho apresentou um recurso junto ao TCE. Dentre as alegações, solicitou o parcelamento da multa imposta pelo órgão. O vereador alegou que o débito de R$500,00 poderia comprometer sua renda e prejudicar a educação dos seus filhos.  Por outro lado, em 2019, Bruno Melo abriu uma loja de veículos com capital social no valor de R$ 200 mil, conforme dados disponíveis pela Receita Federal. Sendo assim, o valor da obrigação financeira representa ínfimos 0,25% da empresa aberta dois anos depois. 


Causa bastante curiosidade o fato do ex-vereador entregar ao TSE em 2016, ano de sua última eleição, uma modesta declaração de bens avaliada em R$ 2.300,00 e, apenas três anos depois, fundar a empresa individual Gardel Veículos (CNPJ 34.729.097/0001-90) com o expressivo capital de R$ 200.000,00.  A mudança de patamar financeiro representa uma evolução patrimonial de quase 8.600%.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Jaime Lerner e a revitalização da Ribeira

Imagem: Diário de Natal (14/07/1987)


No dia 27 de maio faleceu Jaime Lerner aos 83 anos. O famoso urbanista foi governador do Paraná e prefeito de Curitiba. Ao longo de sua trajetória política, foi responsável por obras que marcaram o cenário urbano da capital paranaense, seja na área de mobilidade, planejamento urbano e meio ambiente. 

Devido o reconhecimento do seu trabalho em Curitiba, Lerner se credenciou profissionalmente para atuar em projetos urbanísticos em importantes cidades como São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Goiânia. 

Por outro lado, o ex-governador do Paraná também era conhecido pelo seu perfil elitista. Ao ponto que, foi escolhido em 2017 pelo então prefeito de São Paulo, João Dória, para atuar em um projeto higienista na Cracolândia. Em resumo, a ideia era remover os dependentes químicos, demolir construções históricas e beneficiar a especulação imobiliária. 

Da mesma forma, atuou no Recife no final da década de 70 em um polêmico projeto no carente bairro de Brasília Teimosa. O plano de Jaime Lerner consistia em transferir milhares de famílias de uma região bem localizada para a periferia da cidade. A ideia era que o espaço fosse utilizado na construção de hotéis, bares, restaurantes, marinas e áreas de lazer de alto padrão.  A proposta não foi adiante graças a resistência da comunidade. 

O urbanista esteve algumas vezes no Rio Grande do Norte. Em uma delas, participou em 1980 de seminário organizado pela UFRN. O prefeito de Curitiba debateu com os então prefeitos biônicos de Natal e Recife que eram José Agripino e Gustavo Krause, respectivamente.  Os três políticos do PDS, partido que davam sustentação a Ditadura Militar, dialogaram sobre desenvolvimento urbano.

Outra visita importante ocorreu em 1987 quando Jaime Lerner foi contratado pelo poder público potiguar para projetar o traçado da BR 101 entre Natal e Touros. Na mesma ocasião, foi encomendado um planejamento urbanístico para Natal.  Dentre as localidades contempladas, constava a revitalização da Ribeira. 

Ao contrário do que se imagina, a decadência da Ribeira não é um assunto recente. Os jornais de Natal já descreviam a degradação do bairro ainda no início da década de 70. Ao longo dos anos, sempre se discutiu a importância de se revitalizar a área. Em maio de 1981, o Diário de Natal descreveu o local como "um aglomerado de velhas edificações subocupadas". 

A missão de Jaime Lerner de transformar a já decadente Ribeira não se concretizou, visto que não houve continuidade no projeto. O badalado urbanista morreu em 2021 e deixou um grande legado. Entretanto, foi mais um que tentou sem sucesso resgatar o velho bairro boêmio de Natal. Porém, a tentativa fracassada pode ser interpretada como um alívio. A Ribeira velha de guerra não vivenciou as terríveis experiências da Cracolândia de São Paulo e de Brasília Teimosa no Recife.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Fábio Faria e Rogério Marinho, os ministros cloroquiners do RN

 

Jair Bolsonaro anda bastante preocupado com o andamento da CPI da Covid no Senado Federal. Na medida em que os trabalhos da comissão começam a avançar, fica cada vez mais claro que, em detrimento da busca de vacinas, o Governo Federal priorizou suas forças na propagação de medicamentos sem comprovação científica como a cloroquina.

 

Buscando se defender da CPI e temendo ser legalmente responsabilizado pelo caos sanitário gerado pelo novo coronavírus, o presidente assumiu como estratégia nos últimos dias uma postura favorável a cloroquina. Para tanto, mobilizou toda sua base de apoio e até declarou no último sábado que todos os ministros que ingeriram a substância irão gravar um vídeo em defesa do remédio.

 

No Rio Grande do Norte, domicílio político de dois ministros bolsonaristas, o futuro vídeo não repercutiu entre jornalistas e blogs que fazem publicidade informal de Fábio Faria e Rogério Marinho. Ao que parece, a hipotética gravação dos potiguares não ganhou linhas, posts ou tweets no estado.

 

Ambos os ministros também não comentaram sobre o assunto. Entre abril e outubro de 2020, Fábio Faria usou o Twitter algumas vezes para defender o uso do remédio para tratamento de malária no combate a Covid 19. Chegou até a declarar que tomou a droga após ser infectado pelo novo coronavírus. Entretanto, até o momento, o filho de Robinson Faria não defendeu mais o composto.


Imagem: twitter.com (09/05/2021)

 

Por outro lado, Rogério Marinho não fez declarações públicas sobre a cloroquina. O ministro, que foi recentemente chamado por Paulo Guedes de "batedor de carteira", adotou um posicionamento mais discreto no que concerne o tema.

 

Não se sabe ainda se a ideia do vídeo irá prosperar. Contudo, é possível perceber no meio bolsonarista um certo temor no que diz respeito a tese da cloroquina. Não é coincidência que importantes figuras do bolsonarismo como Alexandre Garcia e Leda Nagle removeram de suas mídias sociais publicações sobre a substância. Até mesmo a página Ministério da Saúde ocultou o conteúdo acerca da medicação.

 

O silêncio em torno de Fábio Faria e Rogério Marinho sobre a defesa da cloroquina é um sinal claro que, apesar da subserviência e da busca incessante de agradar de qualquer forma o presidente, os dois ministros temem abordar o assunto. Porém, caso sejam convocados, não vão se furtar a defender o que o chefe desejar.

terça-feira, 27 de abril de 2021

Saiba mais do vereador de Parnamirim preso na Operação Fura Fila

Imagem: facebook.com (24/04/2021)



Nos últimos dias, o noticiário político do Rio Grande do Norte ganhou destaque nas páginas policiais após o Ministério Público Estadual deflagrar a Operação Fura Fila. A investigação teve como objetivo a apuração de possíveis esquemas ilegais na marcação de procedimentos médicos na rede pública.

 

A operação gerou mandados de busca e apreensão em diversos municípios do estado, além de ordens de prisão. Dentre os presos, estava Diego Rodrigues da Silva que atualmente é vereador na cidade de Parnamirim. Segundo o MP, o parlamentar era líder do suposto esquema fraudulento.

 

Muito se perguntou sobre quem é, de onde surgiu e qual a trajetória de Diogo Rodrigues até a sua prisão.

 

Quando criança, segundo a jornalista Heloísa Macedo, Diogo foi eleito prefeito mirim de Parnamirim. Na adolescência, com boas notas em geografia, química e física no terceiro ano, concluiu o ensino médio na Escola Estadual Santos Dumont em 2011. Na mesma época, se declarava no Twitter como fã da ex-governadora Wilma de Faria.


Imagem: twitter.com (24/04/2021)

 

O vereador tem 26 anos e, em biografia presente no site da Câmara Municipal de Parnamirim, se apresenta como servidor público desde 2008, atuando nas áreas da cultura e saúde. Ainda na página do poder legislativo, Diogo afirma ter nascido em Parnamirim. Contudo, declarou e apresentou documentos ao TRE que constam como natural de Natal.

 

Ao longo dos anos, o atual parlamentar ocupou cargos de confiança na Prefeitura de Parnamirim. Foi nomeado em janeiro de 2019 para exercer a função de direção da Central de Regulação do Município, órgão responsável pelo controle do acesso de pacientes aos procedimentos médicos vinculados ao SUS na cidade. Exatamente a área objeto da investigação da Operação Fura Fila.

 

No ano de 2016, o investigado tentou pela primeira vez ser eleito vereador. Na oportunidade, filiado ao PDT do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, não obteve êxito na disputa. Apesar da derrota, seguiu trabalhando na prefeitura nos anos seguintes.

 

Para a eleição de 2020, Diogo se filiou ao PSD do ministro Fábio Faria. Em julho do mesmo ano, o então pré-candidato chegou até se reunir com o presidente da legenda no estado, o ex-governador Robinson Faria. Já durante a campanha, mesmo vinculado com as gestões de Maurício Marques e Rosano Taveira, o candidato apostou no discurso da renovação do legislativo municipal.  Acabou sendo eleito com a segunda maior votação.


Imagem: twitter.com (24/04/2021)

 

No exercício do mandato, o vereador foi eleito como o segundo vice-presidente da câmara e designado para a comissão permanente de assistência social. Ao longo dos quase quatro meses no parlamento, mostrou suas ações nas redes sociais e não se envolveu em nenhum embate político.  No Twitter, fez acenos a Henrique Alves, Lula e Ciro Gomes, além de exaltar o trabalho de Rogério Marinho no governo Bolsonaro.

 

Em março, Diogo Rodrigues já tinha sido alvo de um mandado de busca e apreensão. Semanas depois, explodiu a Operação Fura Fila que resultou na sua prisão. Após as ações do MP, nenhum vereador, assim como o prefeito Rosano Taveira, se pronunciou sobre o assunto. Já a mesa diretora da Câmara Municipal, emitiu apenas uma nota de conteúdo protocolar.

 

Ainda não se sabe o futuro político do ex-prefeito mirim de Parnamirim e os desdobramentos do episódio na casa legislativo.

domingo, 17 de janeiro de 2021

O plano de Fábio Faria executado a marretadas em Baía Formosa

Imagem: twitter.com (15/01/2021)
 

O ano de 2021 começou com uma cena curiosa no município de Baía Formosa. A prefeita recém empossada da cidade organizou um ato para destruir partes de uma praça que estava sendo construída na cidade. A abertura da esdrúxula ação se deu com a nova mandatária, Camila Melo, dando marretadas em uma peça de alvenaria.


O vídeo da prefeita ganhou destaque na imprensa local e repercutiu fortemente nas redes sociais. Muitas pessoas se manifestaram sobre o assunto. Dentre elas, o ministro das comunicações do governo Bolsonaro, Fábio Faria.  


O deputado federal licenciado usou o Twitter para criticar a atitude de Camila Melo. Na oportunidade, classificou a movimentação como vandalismo e ressaltou que a obra estava sendo realizada com recursos oriundos do Ministério do Turismo, fruto de uma emenda parlamentar do seu mandato. 


O curioso é que existe outra relação entre as marretadas da prefeita com o ministro. Para entender o vínculo, é necessário voltar ao mês de maio de 2010 quando existia um grande impasse em Natal sobre a demolição do Machadão para a construção da Arena das Dunas. Na época, para incomodo do deputado, não existia nenhum projeto para a derrubada do antigo estádio. 


Diante do cenário de indefinição, Fábio Faria usou o Twitter no dia 17 de maio de 2010 para conclamar as pessoas a se dirigirem ao Machadão portando marretas. O objetivo era iniciar simbolicamente a derrubada do estádio através de um protesto denominado de "Marcha da Marreta". Diante da repercussão negativa, o exótico movimento não prosperou.  


Imagem: twitter.com (15/01/2021)

O Machadão recebeu partidas de futebol até abril de 2011, ou seja, quase um ano depois da hilariante ideia da "Marcha da Marreta". Caso a intenção tivesse prosperado, a ação do filho de Robinson Faria também iria se enquadrar como vandalismo e dilapidação do patrimônio público que poderia render algum processo judicial.


Imagem: twitter.com (15/01/2021)

Será que a prefeita de Baía Formosa destruiu a praça inspirada no ministro das comunicações? Não há como negar que o ato Camila Melo foi a materialização de uma ideia de Fábio Faria.


Charge da época
Imagem: cefascarvalhojornalista.blogspot.com (15/01/2021)