segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Bolsonaro, medidas impopulares e a pauta conservadora


Foto: twitter.com (31/12/2018)

O ainda presidente Michel Temer publicou no dia 28/12/2018 a lei 13.786 que trata das novas regras para rescisão de contratos de imóveis adquiridos na planta, o conhecido "distrato imobiliário". Na prática, o dispositivo dificulta a intenção do cidadão em desistir da aquisição de uma casa ou apartamento na fase de obras e ainda, descarta a possibilidade de multa, em caso de atraso superior a 180 dias.

Na legislação anterior, o incorporador podia cobrar uma multa, em caso de desistência da aquisição, no valor de 10% a 25% do montante total pago. Com o novo preceito, o comprador poderá ser penalizado em até 50%.

Entidades vinculadas aos construtores comemoraram a decisão e trataram a lei como uma proteção a categoria. Já as instituições ligadas ao consumidor, criticaram a medida por gerar um grande desequilíbrio na relação entre cliente e fornecedor.

Jair Bolsonaro não se manifestou a respeito da nova regra que cria uma série de dificuldades para o consumidor. Como novo presidente do Brasil, o mandatário deveria se pronunciar a cada ato relevante do seu antecessor.

No dia seguinte à publicação da lei, Bolsonaro publicou no Twitter que, através de um decreto, facilitará a posse de armas de fogo ao cidadão. O anuncio gerou grande euforia junto aos seus apoiadores.

Não há nenhuma relação entre a regra do distrato reformada e a promessa de porte de armas para o cidadão. Provavelmente, não houve qualquer tipo de sincronismo nos anúncios.  No entanto, a partir da posse de Bolsonaro em 1º de janeiro de 2019, será muito comum o anúncio paralelo de notícias desconectadas da área econômica com abordagens que agradam o público conservador que forma grande parte da base de apoio popular do novo governo.

A equipe econômica e os ministérios vinculados a atividade produtiva já anunciaram que irão implementar uma série de ações impopulares que, assim como a lei do distrato, agradam grandes corporações financeiras. Reforma da previdência e novas alterações na legislação trabalhista certamente estarão na pauta. O cenário que se desenha é que, a cada medida impopular implementada, serão colocados na pauta temas estratégicos como aborto, maioridade penal, escola sem partido e posse de armas para agradar seus fieis seguidores.

A ideia de qualquer governante é manter o apoio popular.  Jair Bolsonaro não irá agir de forma diferente. Resta saber se a estratégia irá funcionar.