Muito tem
se falado na mídia sobre o Estado Islâmico. O grupo radical sunita
vem provocando perplexidade no mundo por sua atuação violenta
contra os muçulmanos xiitas e pessoas de religiões não islâmicas.
O grupo é uma dissidência da Al-Qaeda de Osama Bin Laden e tem
atuado nos territórios do Iraque e da Síria. Eles seguem uma
interpretação ao "pé da letra" do Alcorão e aplicam
punições extremas aos seus inimigos como a decapitação.
Apesar de
todo o rastro de sangue, o Estado Islâmico vem crescendo com a
adesão de vários seguidores de
todo o mundo. O crescimento do grupo preocupa a comunidade
internacional, inclusive o governo brasileiro. O portal Terra
noticiou em 22/03/2015 que os radicais islâmicos estariam tentando
aliciar jovens brasileiros a ingressarem no movimento.
Mesmo com a
preocupação das autoridades nacionais, não existe nada de concreto
sobre a existência de radicais muçulmanos no Brasil. Também não
se tem nenhuma notícia de atuação de terroristas no Nordeste, em
especial na cidade de Itajá.
Itajá é
um pequena cidade do Rio Grande do Norte, possui uma pequena
população de 7 mil habitantes e está localizado a 200 km da
capital Natal. O município é pouco conhecido até mesmo no estado.
A localidade é mais conhecida por ser a cidade de nascimento do
ex-jogador de futebol Souza. O esportista teve passagens pelo
América, Corinthians Paulista, São Paulo, Flamengo e seleção
brasileira.
A partir
da madrugada do dia 15/07/2015, a pequena Itajá saiu do anonimato e
ganhou espaço na mídia local e nacional. O motivo foi o brutal
assassinato de 5 mulheres em um prostíbulo. Segundo a polícia,
quatro homens chegaram até o local em um carro, entraram na casa e
executaram as vítimas com vários disparos na cabeça. Devido a
violência aplicada, o crime gerou grande repercussão. A
investigação policial aponta que os crimes estão relacionados a
existência de pendências financeiras entre a “gerente” do
empreendimento e o financiador do negócio que é o principal
suspeito de ter encomendado as mortes.
Local da chacina em Itajá/RN Foto: Francisco Coelho / www.focoelho.com (26/07/2015) |
É
evidente que não existe nenhuma associação entre as execuções
ocorridas no interior do Rio Grande do Norte com os crimes praticados
pelo Estado Islâmico. A única semelhança existente está nas
reações após as mortes. Enquanto o grupo muçulmano angaria novos
simpatizantes com seus atos, os matadores de Itajá mataram e
tiveram, de alguma forma, a aprovação de diversas pessoas na
internet.
Por se
tratarem de mulheres que trabalhavam em prostíbulo, foi espantosa a
reação de vários internautas com a chacina. Anonimamente, muitos
trataram o tema com deboche. Outros indivíduos justificaram e
atenuaram a gravidade das mortes das mulheres como uma espécie de
merecimento ou recompensa que receberam somente pelo fato de atuarem
no segmento da prostituição.
As
mulheres foram acusadas por atacarem os “valores morais” da
sociedade. Em nome da defesa dos "valores religiosos",
outros justificaram as mortes das mulheres por serem pecadoras e
“destruidoras de lares”. Expressões como "se fossem
trabalhadores" foram usadas para criticar a cobertura da mídia
e o trabalho da polícia.
No Iraque
e na Síria, os ataques do Estado Islâmico causam perplexidade, mas
atraem a simpatia e seguidores extremistas em vários países. Já os
matadores de Itajá não mataram em nome de nenhuma religião ou
causa coletiva, mas tiveram a exaltação de uma pequena e
preocupante parcela da população.
O caso ocorrido em
Itajá serve para mostrar que, se um dia no Brasil for criado um grupo
radical criminoso que atue em nome dos “valores morais”e em
causas religiosas, o bando já nascerá com simpatizantes na
internet.