Bruno Melo e Rogério Marinho Imagem: apodiario.com.br (14/06/2021) |
A imprensa nacional vem especulando sobre qual partido Jair Bolsonaro irá se filar para disputar as eleições de 2022. Já foram especulados o PTB de Roberto Jefferson, o Progressistas (antigo PP) ou até o retorno ao PSL, sua última legenda. Entretanto, os movimentos políticos mais recentes indicam que o Patriota poderá ser o possível partido do presidente da república.
No Rio Grande do Norte, o Patriota é comandado desde fevereiro de 2021 por Hanne Bruno Figueiredo de Melo. Nos últimos dias, o líder partidário deu declarações à Tribuna do Norte sobre a estrutura da agremiação no estado e a expectativa de filiação do presidente Bolsonaro.
A Tribuna falou do Patriota no RN e limitou apenas a descrever o representante da sigla como vice-presidente da União dos Vereadores do Rio Grande do Norte (UVERN) e ex-vereador do município de Severiano Melo, cidade situada a 360 km de Natal e 110 Km de Mossoró. Terminada a reportagem, restou a seguinte indagação: Quem é Bruno Melo?
O presidente da comissão provisória do Patriota no estado está politicamente vinculado ao ex-deputado federal Rogério Marinho. De acordo com colunistas políticos, Bruno Melo foi designado pelo atual ministro do governo Bolsonaro para organizar o partido com vistas às eleições de 2022.
A trajetória política de Bruno Melo teve início em 2004 quando disputou a eleição e foi eleito vereador de Severiano Melo pelo PPS. Nos pleitos municipais seguintes, nos anos 2008, 2012 e 2016, foi reeleito defendendo as cores do PSDB. Para 2020, o então tucano declarou a aliados que, por estratégia política, não seria candidato à reeleição. Publicamente, nada pronunciou sobre hipotéticos impedimentos legais para a busca do seu quinto mandato.
Contudo, durante os mandatos de vereador, chegou a ocupar o cargo de presidente da câmara municipal. Sua passagem como chefe do poder legislativo em 2012 o rendeu uma condenação no Tribunal de Contas do Estado. Segundo a corte, em processo iniciado em 2013, houve fracionamento irregular de despesa com vistas a burlar a regra de licitação.
O processo foi transitado em julgado somente em 2018. Como consequência, o nome de Bruno Melo passou a integrar a lista de gestores públicos com contas reprovadas. Na prática, o atual líder do possível partido de Jair Bolsonaro se tornou um alvo de pedidos de impugnação de candidaturas, caso fosse novamente candidato à reeleição em 2020.
A partir de 2021, apesar de ser um ex-parlamentar, Bruno Melo permaneceu na direção da uma entidade representativa de vereadores.
A UVERN é mantida através de repasses de câmaras municiais filiadas. Portanto, chama a atenção que uma instituição que recebe dinheiro público tenha como dirigente alguém condenado pelo Tribunal de Contas e potencialmente alvo de impugnações da justiça eleitoral. A mesma preocupação vale para o cargo de presidente do Patriota, já que o partido irá receber recursos do fundo partidário.
Durante as quatro eleições que disputou, Bruno Melo declarou à justiça eleitoral possuir bens apenas em duas oportunidades. Em 2008 afirmou ter um veículo do modelo Gol fabricado em 1999. Já em 2016, informou ao TSE ter o montante de R$ 2.300,00 depositado em conta corrente.
Ainda sobre questões financeiras, o aliado de Rogério Marinho apresentou um recurso junto ao TCE. Dentre as alegações, solicitou o parcelamento da multa imposta pelo órgão. O vereador alegou que o débito de R$500,00 poderia comprometer sua renda e prejudicar a educação dos seus filhos. Por outro lado, em 2019, Bruno Melo abriu uma loja de veículos com capital social no valor de R$ 200 mil, conforme dados disponíveis pela Receita Federal. Sendo assim, o valor da obrigação financeira representa ínfimos 0,25% da empresa aberta dois anos depois.
Causa bastante curiosidade o fato do ex-vereador entregar ao TSE em 2016, ano de sua última eleição, uma modesta declaração de bens avaliada em R$ 2.300,00 e, apenas três anos depois, fundar a empresa individual Gardel Veículos (CNPJ 34.729.097/0001-90) com o expressivo capital de R$ 200.000,00. A mudança de patamar financeiro representa uma evolução patrimonial de quase 8.600%.