domingo, 26 de julho de 2015

O Estado Islâmico e a chacina de Itajá

Muito tem se falado na mídia sobre o Estado Islâmico. O grupo radical sunita vem provocando perplexidade no mundo por sua atuação violenta contra os muçulmanos xiitas e pessoas de religiões não islâmicas. O grupo é uma dissidência da Al-Qaeda de Osama Bin Laden e tem atuado nos territórios do Iraque e da Síria. Eles seguem uma interpretação ao "pé da letra" do Alcorão e aplicam punições extremas aos seus inimigos como a decapitação.

Apesar de todo o rastro de sangue, o Estado Islâmico vem crescendo com a adesão de vários seguidores de todo o mundo. O crescimento do grupo preocupa a comunidade internacional, inclusive o governo brasileiro. O portal Terra noticiou em 22/03/2015 que os radicais islâmicos estariam tentando aliciar jovens brasileiros a ingressarem no movimento.

Mesmo com a preocupação das autoridades nacionais, não existe nada de concreto sobre a existência de radicais muçulmanos no Brasil. Também não se tem nenhuma notícia de atuação de terroristas no Nordeste, em especial na cidade de Itajá.

Itajá é um pequena cidade do Rio Grande do Norte, possui uma pequena população de 7 mil habitantes e está localizado a 200 km da capital Natal. O município é pouco conhecido até mesmo no estado. A localidade é mais conhecida por ser a cidade de nascimento do ex-jogador de futebol Souza. O esportista teve passagens pelo América, Corinthians Paulista, São Paulo, Flamengo e seleção brasileira.

A partir da madrugada do dia 15/07/2015, a pequena Itajá saiu do anonimato e ganhou espaço na mídia local e nacional. O motivo foi o brutal assassinato de 5 mulheres em um prostíbulo. Segundo a polícia, quatro homens chegaram até o local em um carro, entraram na casa e executaram as vítimas com vários disparos na cabeça. Devido a violência aplicada, o crime gerou grande repercussão. A investigação policial aponta que os crimes estão relacionados a existência de pendências financeiras entre a “gerente” do empreendimento e o financiador do negócio que é o principal suspeito de ter encomendado as mortes.

Local da chacina em Itajá/RN
Foto: Francisco Coelho / www.focoelho.com (26/07/2015)

É evidente que não existe nenhuma associação entre as execuções ocorridas no interior do Rio Grande do Norte com os crimes praticados pelo Estado Islâmico. A única semelhança existente está nas reações após as mortes. Enquanto o grupo muçulmano angaria novos simpatizantes com seus atos, os matadores de Itajá mataram e tiveram, de alguma forma, a aprovação de diversas pessoas na internet.

Por se tratarem de mulheres que trabalhavam em prostíbulo, foi espantosa a reação de vários internautas com a chacina. Anonimamente, muitos trataram o tema com deboche. Outros indivíduos justificaram e atenuaram a gravidade das mortes das mulheres como uma espécie de merecimento ou recompensa que receberam somente pelo fato de atuarem no segmento da prostituição.

As mulheres foram acusadas por atacarem os “valores morais” da sociedade. Em nome da defesa dos "valores religiosos", outros justificaram as mortes das mulheres por serem pecadoras e “destruidoras de lares”. Expressões como "se fossem trabalhadores" foram usadas para criticar a cobertura da mídia e o trabalho da polícia. 

No Iraque e na Síria, os ataques do Estado Islâmico causam perplexidade, mas atraem a simpatia e seguidores extremistas em vários países. Já os matadores de Itajá não mataram em nome de nenhuma religião ou causa coletiva, mas tiveram a exaltação de uma pequena e preocupante parcela da população.

O caso ocorrido em Itajá serve para mostrar que, se um dia no Brasil for criado um grupo radical criminoso que atue em nome dos “valores morais”e em causas religiosas, o bando já nascerá com simpatizantes na internet.











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