quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Obra pública sem propina?

Foto: Carlos Sodré / Fotos públicas (08/01/2015)
Em março de 2014 a Polícia Federal deflagrou a famosa Operação Lava Jato que investigou um grande esquema de corrupção envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras, políticos, partidos e outros protagonistas. Dentre os investigados está o lobista Fernando Baiano que é acusado de cobrar propina na intermediação de negócios entre a Petrobras e empreiteiras. O lobista, que se entregou em novembro, é tido como o operador do PMDB no esquema que buscava a arrecadação de dinheiro para o partido e alguns dos seus líderes. Durante a fase de depoimentos o seu advogado Mário Oliveira Filho com o intuito de defender seu cliente declarou sem cerimônias a imprensa que não existe obra pública no Brasil sem pagamento de propina. A declaração gerou grande repercussão, mas ao contrário do que se imaginava, não teve nenhum desdobramento. A forte declaração virou apenas item de retrospectiva nos meios de comunicação. Não houve sequer um repúdio formal dos partidos políticos que foram os principais atingidos com a fala do advogado. Esperava-se após o episódio um debate franco sobre a corrupção no país, de como funciona na prática a relação entre empresas e gestores públicos nos processos licitatórios e as suas ligações com as doações para campanhas eleitorais. O assunto não vingou e como se existisse um pacto formal entre políticos, corruptos, corruptores e imprensa, preferiram deixar o tema de lado e limitaram a discussão da Operação Lava Jato aos joguetes partidários.

Quem conhece minimamente os bastidores da política e do serviço público se atreve a dizer que a afirmação do advogado Mário Oliveira Filho é falsa?

A seguir a declaração na integra:

“O empresário se porventura faz uma composição ilícita com algum político para pagar alguma coisa, se ele não fizer isto, e quem desconhece isso, desconhece a história do país. Não tem obra. Pode pegar aí uma prefeitura do interior, uma empreiteirinha com quatro funcionários. Se ele não fizer acerto, ele não põe um paralelepípedo no chão”


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